Devir é um conceito da Filosofia e denomina transformação intensa da vida, a partir dos encontros que construímos. Inspirados por este conceito, oferecemos nosso espaço e nosso trabalho para que possamos produzir transformações, as quais sejam por uma vida alegre, criativa e engajada social, política, ecológica e eticamente.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Silencioso vaga-lume: divulgando o blog de um aluno-amigo / amigo-aluno
Aquele aluno tem cara de peladeiro
gel no cabelo
riso e óculos escuros
Marra falsa
Política de quem sente
silencioso
e forte
Um professor só ganha o melhor dele
quando sabe escutar que o tom é outro
encaracolado nas sensações
Ele é um dos raros
dos poucos
dos que jorram como um rio bebê
Vale a pena ser professor,
porque tem alguns destes erros secretos
Que precisam ser deseducados
para virarem pedriscos avermelhados
e nos emocionar
com cores rubi
nuances Rubim!
____ ,, ____
Esta é uma pequena dedicatória ao blog de um aluno/amigo e poeta, que muito pouco participava das aulas com falas, mas era o tempo todo perfurado pelos conceitos que eu levava.
Estou ajudando a divulgar este blog nascente (http://rubincarvalho.blogspot.com), justo na época do natal. Realmente, ainda vale dar outros sentidos mais delicados e intensos à palavra natal!!
sábado, 17 de dezembro de 2011
Rio Verde - GO
Com o tema: Morte e Vida: por uma educação dos afetos, por uma clínica da diferença.
Estudar e vivenciar estas conceituações de morte e vida é de extrema importância para a atuação dos profissionais da área da Saúde e Educação, principalmente quando se trata de pensar a morte e vida como um processo cotidiano, seja dentro da produção de conhecimento, seja no trabalho de promoção de saúde.
Desse modo, partiremos da perspectiva da Esquizo-análise para pensarmos, através de vivências práticas, as Mortes como paradas dos fluxos e a Vida como processos dinâmicos.
Tendo como base os filósofos Deleuze, Guattari, Espinosa e Nietzsche, iremos experimentar, na prática, uma educação que parte dos afetos e uma clinica dos desvios das mortes-paradas. Assim, pretendemos construir uma saúde poética e ativadora dos fluxos potencializadores da vida.
Vagas limitas! (Máximo 25 participantes)
Terapeutas-propositoras
Ângela Vieira – psicóloga, formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), especializada em Saúde Pública e Saúde Mental, pós-graduada latu-sensu em Clinica de Grupos e Esquizodrama, bailarina, professora e pesquisadora de Dança do Ventre.
Juliana Bom-tempo – psicóloga, formada pela Universidade Federal de Uberlândia – MG, Mestre em Psicologia Clínica – UFU, Doutoranda em Educação pela UNICAMP – Campinas /SP, experiência em Artes, Saúde, Clínica e Educação, pesquisadora e professora universitária.
Datas: 28 e 29 de janeiro de 2012.
Horário: 8h00 às 17h30 (intervalo para almoço)
Inscrições até dia 18 de janeiro de 2012 com Larissa Bueno (Professora FESURV larissa_buenorv@hotmail.com), Nathália Campos (Psicóloga nathalia_campos_matos@hotmail.com) e Camila (FESURV camilasc25@yahoo.com.br) .
Obs: os participantes receberão material didático e certificado.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
LANÇAMENTO DO LIVRO CORPOAFECTO, DE AUTORIA DE NOSSA QUERIDA MESTRA MARÍLIA MUYLAERT
Divulgamos aqui o lançamento do livro de uma de nossas mais importantes e admiradas Mestras de nosso ofício de feitiçaria afectiva. ESTÃO TODOS CONVIDADOS A ESTAR PRESENTES E PRESTIGIAR!
PARABÉNS QUERIDA MARÍLIA!
Lançamento do livro CORPOAFECTO: O PSICÓLOGO NO HOSPITAL GERAL - Autora: Profª Dra. MARÍLIA MUYLAERT
Quando?
17/12/2011, sábado
Que horas?
11h - 13:30
Onde?
Livraria Pulsional - R.Ministro Gastão Mesquita, 132 - bairro Perdizes - São Paulo / (11) 3672-8345
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Nobreza e força dos alunos
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Ressonâncias da Oficina de Esquizodrama Experimentando estados de tensão: da musicalidade árabe às micro-percepções
E há tensões de inúmeras naturezas. Não falemos de mais tenso ou menos tenso.Falemos de qualidades tensivas, da dinâmica molecular dos afectos.
Quando saboreamos e atravessamos os incômodos, virtualidades se atualizam.
A vida inventa por composição, por receptivatividade.
Manhã de domingo, 27 de novembro. Foi surpreendente: o intensivo-extensivo pode ganhar desenhos provisórios.
Pudemos raspar algumas de nossas repetições. Pudemos sustentar o combate agressivo. A fúria assaltou o ego e abriu valas arejadas no corpo.
E foi terra se escorrendo. Dragões jorrando fervuras, silêncios, inverborragias fervilhantes, gigantismos corpóreos: conexões dilatando corpos, encompridando-os.
E não há nada dentro, só superfície. "Aconchegos sonoros". "Devir-criança argilar".
Revoluções de vidas na curva da diferenciação; explosões silenciosas ganharam som, ganharam pele.
Aos navegantes, voadores, incendiários e corredores de terra: alegria, carinho e agradecimento pelo encontro e abertura.
Sigamos fortes e atentos as micro-tensões diversas que experimentamos em nossos encontros. Elas são nossos guias da imanência.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Vídeo palestra sobre corpo, intensidade e saúde
Universidade Pública??!! Manifestação dos alunos desautorizada
A Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em que trabalho, embora seja nova (tem menos de cinco anos e não tem ainda nenhuma turma de Psicologia formada), já apresenta problemas sérios. Os professores estão sobrecarregados de aulas porque faltam professores efetivos (eu, por exemplo sou apenas temporário), não há assistência estudantil (restaurante universitário, moradia etc.), falta espaço físico para aulas e laboratórios.
Ante-ontem, dia 22/11 muitos alunos do curso de Psicologia haviam colado inúmeros cartazes de protesto, reivindicando a contratação de professores, criticando a ausência de R.U. etc. (a imagem acima foi feita por duas de minhas alunas e postada no Facebook)
A minha grande surpresa foi ver que já no dia seguinte, ontem, dia 23, os cartazes haviam sido retirados!
Fui me informar e soube que eles haviam sido retirados pela zeladoria do prédio porque precisavam de autorização para serem colados!
De início pensei que tivessem sido as faxineiras do prédio, que são terceirizadas. Uma delas, aliás, disse que achou ridículo os alunos fazerem aquilo. Perguntei por que. Ela disse que era besteira o que eles diziam. Bem, claro que não me calei e a informei de todos os problemas que havia e eram fatos. Ela se surpreendeu ao saber que o que os alunos exigiam era legítimo.
Pois bem, gostaria de deixar expressos meu apoio aos alunos e à sua manifestação.
Também, como professor e, acima de tudo, como educador desta universidade, gostaria de deixar uma palavra educativa, com o perdão da imodéstia que isso possa soar ter. Esta palavra vai especialmente para os gestores desta universidade e para os responsáveis pela "zeladoria" do prédio.
Saibam que esta é uma universidade pública, não uma instituição privada. Não é uma empresa. A manifestação e a expressão de qualquer dos grupos e indivíduos que dela usufruem deve ser livre! Estamos passando por problemas sérios! Neste sentido, o público a quem os serviços desta instituição se destinam deve ter toda a liberdade de expressar-se e manifestar-se. A mediação ou interferência de qualquer instância se configura como violação da possibilidade de exercício de cidadania e resistência. Sendo uma universidade pública, seu território pertence ao aparelho estatal, mas deve ser controlado prioritariamente pelos seus usuários. Exigir autorização para a manifestação de consciência da realidade que se vive é uma refinada e violadora maneira de burocratizar o espaço público e a intervenção ativa dos estudantes. Trata-se, por isso, de uma forma de privatização arbitrária daquilo que é de uso público. Além disso, trata-se de uma violação da democracia, a qual, só pode ser de fato democracia, quando é direta, não representativa e quando permite embate e conflito. Podemos dizer, ainda, que viola-se, com um ato aparentemente tão banal, aquilo que é parte essencial da formação destes estudantes e que justamente os diferenciaria de sujeitos constituídos numa instituição privada: a crítica à realidade, o exercício da cidadania, a apropriação ativa das questões e problemas vividos e, especialmente, a politização, se concebemos que a política seja o exercício de determinar e contra-determinar as diferenças de força e poder existentes na realidade.
Se quisermos ser legalistas, para que pareçam mais palatáveis estas minhas palavras (embora o legalismo irrestrito seja sintoma de grave e boçal servidão), podemos dizer que este tipo de burocratização fere direitos constituídos neste país.
Estes dias, depois de trocar algumas palavras com um de meus mais sensíveis mestres, o Prof. Dr. Gregório Baremblitt, pude ter clareza daquilo que antes se apresentava como um impasse, quando postei o tópico falando sobre a intervenção da polícia na USP. Naquele tópico eu dizia, quase que apenas intuitivamente: "prestemos atenção, o problema da segurança na USP é só um sintoma, não é a grande questão. Há algo mais, algo além." Porém, não sabia dizer bem o que era. O prof. Gregório comentou a postagem: "seria interessante se os alunos deviessem cidadãos e criassem uma comissão própria de segurança interna".
Pois bem, a questão mais além a que me referia era essa! Nas universidades públicas, os alunos precisam ainda devir-cidadãos, precisam pegar nas mãos o espaço público, tomá-lo dos aparelhos de vigilância e violação, contra-efetuar um poder que quer se adonar daquilo que é propriedade de todos e, neste sentido, privatizar subjetivamente. Os alunos não devem depender de estância estatal alguma para exercerem aquilo que Hannah Arendt chama de ação entre os homens, ou seja, exercitar a liberdade, a ação no espaço público.
Notemos bem, a liberdade é um exercício, uma prática feita privilegiadamente nos espaços públicos; ela não vem feita, ela não depende apenas de des-repressão, de indeterminação. Muito pelo contrário, a liberdade é o exercício ativo da determinação, uma determinação intrínseca aos grupos; uma determinação por parte dos grupos, das forças que os constituirão e nutrirão, das suas potências, das ações concretas. Na USP é isso que está em questão, para além do problema da segurança e da presença da polícia no campus. Na UFTM, é também isso que está em questão!
Essa é a problemática transversal que perpassa e alinhava o problema da polícia na USP e este acontecimento aparentemente mais brando e insignificante que houve na UFTM com alunos para quem dou aulas. Eu reitero: APARENTEMENTE mais brando! Porque, afinal, trata-se da violação mais cotidiana, da estupidez institucionalizada, da privatização e embotamento do espaço público, da corrupção dos corpos dos estudantes, naquilo que se refere às suas forças de ação, à sua educação.
Eu me pergunto, esta universidade é pública mesmo, ou é um shopping de conhecimento técnicista cujos donos são uma meia dúzia de coronéis de estetoscópio???!!!
O que vejo é que se precisa de autorização para ser politizado e exercitar a cidadania, mas não se precisa de autorização para privar os alunos de bons serviços públicos e de professores que possam se dedicar a oferecer, além de aulas técnicas, projetos de pesquisa, serviços de extensão à comunidade, formas de saber questionadores, engajados e comprometidos com os processos sociais.
Bem, espero sinceramente que os estudantes da UFTM não aceitem este tipo de violação refinada, mas concreta e produtora de adestramento. Eles sabem, têm meu apoio e minha ação concreta para lutar com isso.
Espero ainda mais ansiosamente que este tipo de prática não se repita por parte desta universidade, já que ela se pretende pública e capaz de oferecer uma formação integral e crítica aos alunos.
domingo, 20 de novembro de 2011
arte ou romantismo
Bem, desta vez gostaria de falar sobre algo que vem me incomodando bastante ultimamente: posicionamentos que se costuma ter sobre a arte.
Em primeiro lugar, talvez uma forma muito capturada e mistificante de uso da arte seja a de oferecer a arte como recurso para usar uma interpretação psicológica da produção artísitica: dar sentidos interpretativos, baseados em significantes pré-fabricados por uma teoria da subjetividade ou, ainda pior, por um senso comum: "veja, o paciente encheu a tela vermelho, significa sangue, violência." / "olha o menino desenhou um super-homem, deve se sentir onipontente." São maneiras de ignorar os sentidos produzidos pelas pessoas na relação com suas produções, com as cores, com os pedaços de mundaneidade, com os afectos inumanos, com as emoções sutis. São formas de tapar as diferenças, colá-las sobre significados fáceis e confortáveis, todos vindos de fora e não da relação.
Além disso, quanto ao uso terapêutico da arte, também não acho produtivo quando se parte de um espontaneísmo. Dá-se tinta, barbante, argila e canetinha para os usuários e se deixa que fiquem mexendo nos materiais. Chama-se isso de experimentação livre, quando em muitos casos não passa de desrigor e desrepeito à força do usuário ou paciente do serviço terapêutico: desrigor porque essa prática deixa aparecer o despreparo dos terapeutas, que se propõem a oferecer uma oficina sem sequer aprenderem ou se desafiarem um pouco a lidar com a arte de maneira séria, buscando conhecimento, técnicas, modos de uso dos materiais, recursos, procurando aguçar a sensibilidade; desrespeito porque parte do princípio de que qualquer coisa que seja feita está boa, de que o usuário não é capaz de aprender, de incorporar recursos e técnicas que lhe possibilitarão, inclusive, expressar mais precisamente, mais delicadamente aquilo que deseja colocar na tela, na argila, no papel. Daí, fica-se oferecendo tinta seca, canetinha (que muitas vezes não funciona), folha sulfite e lápis de cor, quando haveria uma gama muito maior de materiais para serem explorados, serem conhecidos e experimentados, quando se poderia brigar por ter material de qualidade, que não se limitassem a níveis escolares. Não há nada de livre nisso, não há nada de experimental e muitos menos espontâneo, porque não se pode ser espontâneo quando se está limitado ao que se conhece, ou ao que nem se imagina que se possa conhecer; não se é livre quando se está determinado pela ausência de recursos, de conhecimento, de possibilidades de expressão; não é experimental, porque só se pode experimentar algo que traga para perto o desconhecido e, nesta situação, em muitos casos se está apenas em contato com o pouco que se conhece e se pode.
Faça-se a interpretação que a nobreza de cada um possibilitar.
domingo, 13 de novembro de 2011
Impasse: polícia na USP.
O que gosto de chamar de impasse é todo problema que parece complexo demais para termos certeza do que estamos pensando sobre ele no momento e para que tenhamos tão rapidamente uma solução. São problemas nos quais farejamos a imensa complexidade, tomando como sintoma negativo, as polarizações binárias a que a mídia ou os modos de pensar morais os limitam.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Oficina de Esquizodrama - Experimentando estados de tensão: da musicalidade árabe às micro-percepções.
A praticidade que nos é exigida hoje, em nosso cotidiano de trabalho e estudo não nos pede uma força de invenção e sim de adaptação. É um modo de vida racional, que não considera nossas sensações e emoções, e faz com que nosso corpo entre num funcionamento mecânico, controlado e imediatista.
Assim, a partir de nossa prática e pesquisa com danças e musicalidade árabes, gostaríamos de oferecer uma oficina de esquizodrama aberta a todo o público interessado em exercitar sua sensibilidade com sutileza e criatividade.
Mesclando alguns elementos sinestésicos com exercícios de audição musical, dança árabe e performance, vamos construir uma atmosfera de sensações, rica em sutis percepções. Trabalharemos as sensações considerando-as estados de tensão equivalentes às qualidades de matéria: terra, ar, fogo e água.
Acreditamos que esta oficina possa contribuir para o exercício da criatividade, da sensibilidade, assim como para a descoberta de novas formas de expressões corporais dos(as) participantes.
VAGAS LIMITADAS! (MÁXIMO 10 PARTICIPANTES)
Facilitadora: ÂNGELA VIEIRA – psicóloga, formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), especializada em Saúde Pública e Saúde Mental, pós-graduada latu-sensu em Clínica de Grupos e Esquizodrama, bailarina de Dança do Ventre e pesquisadora.
Data: 27/11/2011
Hora: das 9h às 11:30
R. João Modesto dos Santos, 293 – Uberaba - MG
(travessa da Av. Odilon Fernandes, altura da pizzaria Fornace)
Inscrições, valor e demais informações: (34) 3321-7231 / (34)9232-2444 angelitacaju@yahoo.com.br
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Inquietação
Rastros de barro
Rabichos de burburinhos
Restos de onde brotam vermes
E formiga
E coça
Coçamos insones
Coçamos acumulando inacabamentos
Fazemos crescer o burburinho
Alastramos feito pimenta que se quer matar com água
A inquietação é um rizoma
Erva gramínea de nossa insensatez
De nossa impaciência
De nosso pragmatismo vão
Respiremos em nossa inquietação
Criemos um corpo elástico capaz de pulsar em nossas incorporeidades inauditas
A vida por si só nos sinaliza que não dar conta é simplesmente um posicionamento
escravo e piedoso.
devir-animal para desedipianizar e também para nos fazer mais fortes
domingo, 30 de outubro de 2011
Verão Insone
A madrugada no céu é silenciosa
Lenta
Tal como é da natureza das nuvens
A madrugada cheira a brisa roxa
Mas meu coração notívago é percussivo
Estrondoso e veloz
Venta e lança-se no azul enegrecido da noite
Tal como é da natureza do mar
Faz espumas palpitantes e inquietas
E esta minha ventania noturna
Gosta de sentir sua presença logo atrás
Tem sorridente preferência
Por beijos e toques dos seus lábios em minhas costas
Esta minha pele extensa e sensível das costas
É como lago transparente
Não resiste ao menor toque de um projétil
Beijo teu
E revela o vidro cristalino de minhas sensações
Com pequenas palpitações dos poros
Todos os pequenos pêlos apontam para as estrelas
E assim, com o corpo em perfil
Na cama abafada de verão
Vontades de despertar teus olhos
Com minha boca em tua macia barriga
O mar em mim sopra com agitação
Tal como é da natureza das rosas
Dar sentidos do amar por ti
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Esquizodrama sobre Espaço Público e Arte na Semana da Liberdade Criativa na UNESP-Assis
Semana passada, dia 21, tivemos o prazer de estar novamente na universidade em que estudamos (Ângela e eu) , a UNESP (Universidade Estadual Paulista), câmpus de Assis. Fomos convidados pelo Coletivo Esponteneísta de Assis, formado pelos alunos do câmpus, para oferecermos um Esquizodrama.
Parêntesis: Eles haviam conhecido nosso trabalho quando havíamos participado, com Esquizodrama também, no evento Clínica da Diferença, convidados que fomos por uma de nossas mestras maiores, a Profa. Marília Muylaert, promotora do evento. A professora Marília, juntamente com a profa. Ciça, foram as duas grandes iniciadoras e responsáveis pela "educação afectivo-filosófica" que recebemos. Hoje temos muitos outros mestres, muito queridos, mas ela duas foram as que começaram a forjar o material de que é feito nosso coração hoje. Fecha parêntesis.
Bem, gostaríamos de agradecer muito cordialmente, aos amigos do Coletivo Espontaneísta, pelo convite que nos fizeram e pelo carinho e respeito com que nos receberam.
Além da alegria de voltarmos à nossa eterna Terra do Nunca, foi muito fortalecedor para nós poder oferecer um esquizodrama problematizando o uso do espaço público e o seu povoamento a partir da arte. Foi uma vivência suavizante, agradável e intensa. Vimos performances alegres e leves como tecidos flamulando no ar ou, como disse um dos participantes, com sentimentos de ave. Saímos com a idéia de que precisamos fazer mais cócegas no espaço, preenchendo-o de intervenções coloridas e provocativas.
Mas, também gostaríamos de parabenizar o Coletivo Espontaneísta, pela iniciativa e pelo cuidado que tiveram com a organização do evento. Estava tudo muito bonito, num espírito real de liberdade, criatividade, coletivismo e amizade. Havia, além de oficinas, um festival de música, que aconteceu no nosso querido Buracanã, um gramado acolhedor e espaçoso, perfeito para uma experiência como esta.
Agradecemos e parabenizamos com alegria e de coração, desejando que cada vez mais, construamos experiências e práticas de liberdade, que estimulem a inventividade diante da vida. Porque Assis entra em nós, mas nós também semeamos Assis por aí!
Abraços cordiais aos unespianos assisenses!
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Educação pede ares de aurora!
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Multiplicando os sentidos da delicadeza
Compartilho aqui um pouco do que venho pesquisando, enquanto cultivo e estudo, acerca da construção de um corpo artístico na dança do ventre. Segue um trechinho de um artigo, no frescor de sua concepção:
Cultiva-se na dança do ventre um tipo sensibilidade no corpo dançante, que o torna uma caixa de ressonância às flutuações de humor musical, pois a dança desenha todas as nuances dos instrumentos presentes na música. Essa capacidade do corpo dançante de fazer esta leitura afinada às nuances sonoras de cada instrumento com suas relações de velocidade e lentidão, requer de quem dança sensibilizar-se também às minúcias dos modos de expressão de seu próprio corpo, reinventando-os. É nesta reinvenção que a delicadeza se acopla à magia criando multiplicidade, ou seja, colocando para funcionar elementos antes distanciados e incombináveis. A magia, portanto, como atualização de devires, de forças reais; a magia como diversa do misticismo, o qual só pode existir por força de crença e retorno do mesmo.
Corrupção como Sintoma de Escravidão: alerta nietzscheano junto à marcha contra corrupção
Há dois dias, em várias capitais do país, houve milhares de pessoas marchando com vassouras nas mãos, pedindo limpeza no país. Sim, todos nós desejamos que a corrupção seja varrida do mundo político de nosso país.
Nós, aqui neste espaço, gostaríamos de, primeiro, deixar nosso apoio a este movimento. Já fizemos muitas marchas por aí eu especialmente fiquei muito feliz em ver nos jornais que havia milhares de pessoas nas passeatas, pois atualmente precisamos comemorar quando conseguimos unir um grupo de 100 pessoas.
E é este o ponto que eu gostaria de explorar aqui no blog. Além de publicizar nosso apoio a este movimento desejoso por uma higiene política, gostaríamos de contribuir, deixando um pouco do que andamos estudando sobre Nietzsche e a corrupção.
O filósofo bigodudo diz: corrupção é sintoma! (livro: Além do Bem e do Mal) Que quer dizer isso? Até onde vemos, quer dizer que não é causa de nada, mas apenas sintoma, isto é, conseqüência de um mal mais profundamente instalado. Nietzsche diz que a corrupção é sintoma de termos nos tornado animais ressentidos, seres dominados pelas forças reativas.
Então, expliquemos melhor. Forças reativas são aquelas forças de conservação da vida, são forças adaptativas. Pois bem, de início isso parece bom... mas estas forças só tem capacidade de atuar no sentido de manter a vida como está, ou seja, fortalecer um status quo, uma conjuntura ou composição de forças, seja ela qual for. Se quiséssemos usar uma palavra marxista, diríamos que são forças reacionárias, literalmente conservadoras. É que estas forças reativas são justamente as que se opõem as forças ativas, as quais são produtoras, inventoras, criadoras, doadoras de vida. Vejam, são as forças reativas que se opõem às ativas, pois as ativas não se opõem a nada, elas simplesmente criam, agem, começam. Nisso destaca Deleuze (livro: Nietzsche e a Filosofia), que as forças reativas são aquelas que só conseguem agir na medida em que limitem a potência das forças ativas. Além disso, as forças reativas são qualquer força que, tenham a força que tenham, estejam separadas daquilo que podem. Um zebuzero uberabense diria: “Ah! É o touro castrado!” Sim, as forças reativas são castradas, são separadas de sua potência. Mas isso, não por um processo edipiano de castração, que considera que só tem pé na realidade a força que aprendeu a conviver com a castração. Diferentemente, as forças reativas são castradas porque são tomadas de ressentimento, são tomadas pela impossibilidade de agir, de criar. Ainda que uma interdição viesse, um força ativa poderia seguir sendo ativa se fosse capaz de sustentar e criar um modo de fazer sua potência valer. As forças reativas, por outro lado, apenas aceitam o mundo como está, aceitam a lógica do possível e do impossível, contentam-se com este binarismo.
Em outras palavras, diríamos foucaultianamente, que as forças ativas são capazes de reisistir, de fazer resistência ao poder, em nome de sua potência de criar vida. Já as forças reativas apenas se contentam em conformar-se, resignar-se, aceitar o mundo limitado que chamam de realidade.
Mas bem, o que teria isso tudo a ver com a corrupção? É que a corrupção dentro dos grandes aparelhos de poder não passa de sintoma de uma corrupção muito mais sutil, mas também muito mais extensamente espalhada: a corrupção diária e cotidiana de nossas forças. Lutar pela ausência de corrupção pode ser pouco ainda! Ora, se a corrupção é sintoma, há algo mais profundo pelo qual devemos lutar. Algo que não consta na carta dos direitos humanos, mas é infinitamente digno de ser defendido. Trata-se de uma luta transversal, trans-disciplinar, mas também trans-classe trabalhadora. É preciso lutar para mantermos vivas nossas forças ativas! Diz Nietzsche, é preciso defender as forças ativas das reativas. Ora, o que isso quer dizer em termos práticos?
O que entendo é que devemos procurar compreender como, em cada gomo de nossa pele, em cada interstício de nossa vida, estamos diária e cotidianamente sendo corrompidos. Primeiramente pelo trabalho, com o qual só é possível ter uma relação ambígua, já sempre há mais-valia. Mas, mais profundamente, somos corrompidos em cada decisão que somos obrigados a tomar no sentido de aceitarmos a realidade como está, de sermos separados de tudo o que podemos, de tudo o que somos capazes de criar.
E acho que é com isso que sonham alguns revolucionários quando pedem greve geral. E é com isso que sonharam os movimentos de 68. Sonhavam, eu sonho, com uma compreensão de que somos todos corruptos, em algum nível, de que, trapaceando um sistema de circulação de verbas, ou não, somos corruptos. Não precisamos embolsar nenhum dinheiro ilicitamente para sermos políticos e corruptos. Todos já sustentamos uma política de vida, todos já temos nossas forças separadas daquilo que podem. Inclusive nós que marchamos em passeatas!
Por que digo isso? Porque, vejamos, quando há uma marcha transversal, que não se liga a uma categoria trabalhadora, ou a um problema especificado, pouca gente aparece. Por exemplo, se fizermos uma marcha pela cultura, ou pela transformação na educação, mal conseguimos juntar uma centena de pessoas, mesmo que todos saibamos que um dos lugares que mais separam nossa força daquilo que podemos é a escola, mesmo sabendo que é na escola que aprendemos a arte do ressentimento, da submissão e da resignação. Vejam, não estou retirando meu apoio à marcha da corrupção, deixado no início deste texto! Sigo apoiando e, se pudesse teria estado lá, como estive em várias!
A questão que coloco, aproveitando o ensejo é: o que fazemos de nossas forças ativas?? Estamos lutando por coibir sintomas apenas? Na minha opinião, sim. Lutamos demais por corrigir uma dor de cabeça com analgésico, em vez de compreendermos que nossa dor de cabeça tem a ver com a vida que somos coagidos a ter em nome da adaptação às instituições, em nome de manter contratos formais em detrimento dos encontros consistentes e afetivos.
Entre outras coisas, defendo que, se não transformarmos nossa educação, se não formos capazes de, ainda que localmente, transformarmos a educação num território em que aquilo que vence sejam as forças criativas, as forças ativas, enquanto não embarcarmos em lutas transversalisantes, em que se problematize mudanças nos menore valores de vida, ainda seguiremos sendo escravos, seguiremos corrompidos. São os valores que nos corrompem, somos corruptos por vivermos e sustentarmos e desejarmos certos valores. Um exemplo. O filme “Sempre ao seu lado”, conta uma história ocorrida no Japão, de um cão da raça Akita (lê-se ákita), que diariamente acompanhava seu dono até a estação de trem para ir trabalhar e, no fim da tarde, no horário exato do dono voltar, chegava na porta da estação para ir buscá-lo. Na versão americana deste filme, o dono é um professor universitário americano que cria este cão, da mesma raça, Akita. Em um momento, quando o cão é ainda filhote, o dono tenta brincar jogando uma bolinha para ele pegar, mas o cachorrinho não dá a mínima. O dono insiste várias vezes e muitos dias, mas nada... Daí ele vai conversar com um colega de trabalho japonês sobre isso. “Por que seu cão faria isso de buscar a bolinha?” responde este colega. “Ora, para ganhar um biscoito ou para ganhar um carinho, um elogio.” Diz o dono do cachorro. Ao que responde o colega japonês. “Meu amigo, esse cão é japonês, é incorruptível! Não vai se vender por um biscoito.” Bom, além do orgulho que tenho de que parte de mim é japonesa (e bastante japonesa!), acho que esse filme nos coloca uma coisa interessante. Enquanto ainda fazemos os movimentos e lutas com metas, pensando em objetivos a curto prazo, estamos ainda sendo corruptos, pois são objetivos que o poder tem como satisfazer. Se seguimos lutando por sintomas, não rompemos com o imediatismo que caracteriza nossa escravidão. Sim, o imediatismo é sintoma de povo escravo, de país colonizado pela exploração européia, porque só um escravo não tem futuro, só um escravo não pode sonhar com algo maior do que uma pequena liberdade imediata, com um fim de semana livre, com a cerveja no fim do dia, com um amor pela metade, com um salário 10% mais alto. Só quando já fomos dominados por forças reativas é que não somos capazes de construir um futuro, processualmente, e ficamos desesperados por soluções imediatas, apaziguamentos de sintomas.
Não estou falando de desabitarmos o presente, de não darmos lugar ao acaso, mas de aprendermos a fazer da vida um processo, uma construção. De vermos que certos problemas são transversais e requerem intervenções processuais em diversos setores simultaneamente, e soluções que sejam sustentadas por um período de tempo suficiente para que as forças ativas se revigorem e voltem a criar. E de lutarmos para que a corrupção não seja algo que acusamos nos poderes do outro que está lá no congresso nacional, na prefeitura, na associação de bairro. Também precisamos nos limpar de nossas forças reativas, de nossa corrupçãozinha mais cotidiana, mais embrenhadinha em valorzinhos mesquinhos que ainda sustentamos apenas para ganhar um biscoito.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Rio Grande
sábado, 8 de outubro de 2011
Travessia
Neblina cinzenta, cheia de respingos de cor indefinida
Uma estrela do mar desabada na areia soluça seus
últimos
gotejosA vida míngua frente a sua própria voracidade
Contrai-se para não sucumbir
Expira vida, expira
A carne lateja
Fissuras tendem ora a se abrir, ora a se fechar
Axilas fedem
Entranhas inchadas pulsam ora largo ora num limiar mais miúdo
Um ventre passa a enxergar as minúcias da vida
Silenciosamente
Soluça
Grita
Se esfola
Se agita
Se contorce
A travessia é a fronteira da mistura
Fervem mucosas desenganadas
Um rio encontra com o mar
Rio vermelho
Mar leitoso
Espraiam-se mutuamente
Choram espumosos
Tartarugas desovam na areia
Uma revoada rasante de passarinhos fura o horizonte
É primavera
Uma garça levanta vôo
Enquanto a maritaca gargalha
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Passando
Uma imensa e frondosa nuvem
passa junto com o vento seco e fresco
no céu do meu coração
E ele tenta se mover numa revoada de folhas de bambu
Laminadas, cortantes e sinuosas
Libélulas perdidas entre o sol e a água
É como se tudo fosse aflição
Milhares de canetas coloridas riscam todo o meu corpo,
Todas de uma só vez, ao mesmo tempo
Todos os rios do mundo correm por mim
Pensam que meu fôlego é mar
Quando na verdade é um pequeno lago
Onde cães e carneiros bebem água
Mas não é como aflição
É manhã
reconectando, respirando...
Olá amigos e parceiros!